Dayana:
O despertador grita às 04:45.
Da cama para a rodoviária de Curitiba, da Rodoviária de Curitiba para a de Paranaguá. “O ônibus balança a cabeça do homem”, comenta uma menininha de uns dois anos de idade sentada ao meu lado com sua jovem mamãe. 08:40. Desço do ônibus: um calorão à uma hora e meia de Curitiba. “Onde pego o barco?”. “Logo ali, segue essa rua reto. Sai às nove.” Vou até o trapiche acompanhada de Patrícia e a senhora Ana, sua mãe. Sento na mureta e troco meu tênis por uma sandália: alívio imediato. O barco chega. “O povo da pousada disse que o negócio é chegar e sentar, senão perde o lugar no barco”, alerta Patrícia. “Água só lá do outro lado do largo... Vocês me esperam?”. Corro até o mercadinho: fila... Algumas pessoas comprando água, cerveja, sal grosso e farinha de mandioca que é “pra garantir a pescaria”. Vou para o barco, acomodo minha mala e as imagens da exposição do Leco remanescentes de Curitiba embaixo dos bancos e escolho o banco de madeirinha ao lado da janela. Fico meia hora ondulando até o moço tocar o barco. Calor demais (e logo alí!) para uma curitiboca... De um lado o mangue, de outro o porto. Corro pro outro lado do barco: “lá tem sombra”. Barquinhos, barcões, navios. Pássaros gordos empuleirados em bóias. “Cadê Patrícia?” “Subiu” – diz dona Ana! “Eba! Vou lá”. Subo: sol, sol, sol. Em um cantinho uma sombra. Sento encolhida nela. “Depois do morro é Guaratuba?” “Não, é do outro lado”, diz Patrícia. Santa ignorância geográfica... Bate um vento bom. Não sei o que é ilha. “Onde tem morro deve ser continente”, penso... É lindo, mas são duas horas enormes. “Duas horas e quinze minutos”, corrige o moço que toca o barco. A chamada paisagem natural é imponente. Quase esmagadora. E fomos chegando. Guaraqueçaba e toda sua “velhice” é linda de doer. E quente. Onde diabos está o Leco? “Opa! Segura a bagagem aí...”
“Onde é a Casa do Fandango?”, pergunto para o Leco. “Ih... é longe...”, uma senhora responde. “É a mãe do Aorélio!” - disse Leco. “Aorélio, as meninas e Mariana estão lá fazendo as coisas do Carnaval”. Seguimos para a pousada (uma graça!) e da pousada para a Casa do Fandango. E eu lamentando: “por que diabos eu não trouxe uma sombrinha”. Chegamos à casa do Fandango, reunião para o III Encontro de Fandango e Cultura Caiçara rolando, um se apresenta daqui, outro de lá e, finalmente, paramos para almoçar. Saio correndo com Leco em direção ao restaurante pra fugir do sol. Cardápio básico (que parece será o de sempre por aqui): arroz, feijão, macarrão, peixe, salada. Uma delícia, mesmo sem aquela famosa pimentinha caiçara “da boa!”. Almoçamos e voltamos em bando para a pousada para dar aquela dormidinha (tínhamos 50 minutos ainda): um banho frio antes de dormir e outro depois... Voltamos para a Casa do Fandango. Antes da conversa inicial, seu Nemésio (de Valadares) e seu Zé Pereira (do Ariri) trocavam “rimas”. Lembro de uma: “Hoje quero que caia uma chuva bem fininha / para molhar sua cama e você ir dormir na minha”. Volta, concentra e seguem as apresentações (que aliás foram ótimas para entender um pouco mais o contexto, posicionamentos, disputas, opiniões, valores, lugares... em que estávamos nos inserindo). “Agora o Leco se apresenta com o projeto que ele vai desenvolver aqui...”. “Então, o projeto é do Leco e da Daya...” E segue uma breve apresentação. Segundo o Leco o povo curtiu. Como sou uma estranha no ninho (uma invasora...) não ouvi comentários.
Minha relação com o Fandango é a relação que amigos e pessoas à minha volta têm com ele. Absolutamente indireta. Sei de muito pouco, quase nada... O negócio é aprender se relacionando.
E de noite, após mais uma cochilada e o jantar, a iniciação: meu primeiro baile de fandango. A princípio fiquei encostada onde dava, depois dei uma bailada com o Leco e senhor Vicente (“Desculpa seu Vicente!”) regada à cataia. Pereiras e seu Nemésio na voz, viola, rabeca, pandeiro e adulfo. Pessoas de todas as idades bebericando, dançando, olhando. “É veio com moça, moço com véia...” e por aí vai. É manguaçero enchendo o saco dos outros, povo rindo, jogando conversa fora... Depois segue para o bar do Nilo para uma cervejinha e mais cataia regadas à fandango, desta vez com a “nova geração dos Pereiras”.

Leco:
Acordo atrasado, engulo o café e bora para Casa do Fandango. Reunião para "balanço" sobre o II Encontro de Fandango e Cultura Caiçara, que segue até o almoço... - “Dú, preciso sair agora buscar a Daya no trapiche, precisa de algo?” “Pode ir tranqüilo” – responde Dú.
Pela tarde, apresentamos (eu e Daya) o projeto "Sobre-Posição Caiçara" na reunião do Museu Vivo do Fandango e Encontro de Fandango e Cultura Caiçara, que contou com a participação de representações da Secretaria de Cultura de Guaraqueçaba, dos Pontos de Cultura Casa do Fandango, Caiçaras (de Cananéia – SP), Mandicuéra (Paranaguá – PR), além de representantes do projeto Museu Vivo do Fandango (Associação Caburé), Rede Cananéia, AFACAN, IPEC, Associação Jovens da Juréia e do grupo Fandango Caiçara de Ubatuba. O projeto foi muito bem recebido e dá-lhe reunião, agora para discutir onde será realizado o III Encontro...
A noite teve baile de Fandango!! Família Pereira junto com Nemésio mostram como é que faz.



 
 
 
 

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20 de novembro de 2009 às 22:01

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