Dayana:
Como a viagem ficou marcada para as 10:00, saímos de casa uma 08:45 para arrumar o barco e fazer o rancho para o povo.
Ontem à noite acabamos não indo para o festerê para descansarmos. Leandro e Hogo passaram lá em casa, comentaram que várias pessoas queriam ir para as comunidades. Mas como estava bem em cima da hora e não tínhamos condição de descolar outro barco e o que íamos com Guto cabiam no máximo oito pessoas, deixamos a ida do restante do pessoal na dependência de alguém com mais contato que nós descolar outro barco, o que não aconteceu. [TEXTO EXCLUÍDO]. COMO INFELIZMENTE DE ÚLTIM HORA NÃO ROLOU DAS OITO PESSOAS IREM DEVIDO A (ENTRE OUTRAS COISAS) PROBLEMAS NOSSOS DE COMUNICAÇÃO COM ELES, FOMOS APENAS E INFELIZMENTE EM APENAS 4 PESSOAS. Leonildo e família é que se deram bem nessa: ganharam alguns pacotes e arroz, feijão, macarrão, biscoito e pão além de alguns molhos e conservas.
Depois de umas duas horas e quinze minutos de viagem tranquila chegamos à Abacateiro. E lá estava Leonildo na porta de sua casinha nos esperando com uma piadinha na manga. “Tirar sarro” e colocar apelidos nos outros estão entre os passatempos prediletos dos caiçaras.
Seu Leonildo foi fazendo logo um café e depois fui dar uma volta pelas 5 casas da vilinha. Geralmente as casas são compostas de duas estruturas: a casa de fogo e a de dormir. A exceção que percebi alí foi a de Leonildo, onde fogo e o local de dormir ficam juntos (embora eu não tenha visto nem uma caminha ou algo do gênero alí). A casa de Leonildo tem mais ou menos uns 25 m2. Em um canto tem umas coisinhas e uma galinha branca chocando seus ovinhos amarelos, no outro tem uma rede de pesca no chão e sobre ela um varal com roupas empilhadas. Entre os dois cantos rabecas e violas penduradas na parede. No outro canto da casa de um cômodo só tem um guarda roupa e no outro uma prateleira com alguns poucos mantimentos e, logo abaixo, um pouco mais para o lado, um foguinho. No meio do cômodo dois bancos compridos de madeira, um de frente para o outro.
Conheci outras casas e alguns de seus respectivos moradores: filhos e esposas, filhas e maridos, ex-esposa e netos de Leonildo. Sua ex-mulher cozinhou arroz, feijão com bacon e fritou ovos para nós. Essa foi basicamente a composição das duas refeições que fizemos, além das beslicadas em pães, biscoitos, cafés e muita água da bica.
Rolaram algumas músicas com seu Leonildo na rabeca e Eraldo na viola. Aliás, em várias deixas das conversas seu Leonildo cantava ou recitava versos de fandangos. E depois da janta gravamos uma “novela”, eu e Leonildo, com a qual, segundo ele provavelmente “ficaremos ricos”. Afinal cada um “ganha dinheiro de uma forma, alguns pescando, outros falando”...
De noite chegou um barquinho: pai e filho vieram visitar seu Leonildo e família, dando um tempo até a hora de pescar. Dormimos na casa da ex-esposa e dois do filhos solteiros de Leonildo, que venceram nossa insistência para dormir de barraca “na rua” entre as galinhas, galos, os cachorros magérrimos (acho que a “mistura” é pouca e “cachorro que come muito não caça, tem preguiça”) e mosquitos. Porque lá “nenhuma visita dorme na rua”.
Lembrei de uma coisa: a casa de seu Leonildo tem, literalmente, alguns vespeiros. Aliás, vi em outra casa de fogo vespas também. Morro de medo de vespas. Além de ter alergia a muita coisa, mamãe me ensinou muito bem a ficar longe das danadas. Não é que Eraldo me pega a uma vespa do ar na mão, prende ela – apenas com a cabecinha para fora – em uma caixinha de fósforos, grava no celular (todo equipado) o “radinho” (o barulho que a vespa faz na caixinha lembra o ruído de um rádio), e depois solta a vespa que sai voando... Fiquei de cara. E convivi bem com as vespas.
Leco:
Marcamos de nos encontrar ás 10h na casa de Guto para embarcarmos rumo a Abacateiro, porém eu, Dayana e Guto nos encontramos às 09h30 para abastecer o barco, comprar alimentos e eu precisava desinstalar a exposição “Fazedores de Fandango” que estava na Casa do Fandango para instalá-la no Bar AKDOV em Superagui.
Daya foi para o mercado, eu e Guto fomos carregar o barco, quando recebemos a notícia que quatro pessoas desistiram da viagem, o que é uma pena, pois tiveram a oportunidade de conhecer comunidades importantes para cultura caiçara, produzir e discutir fotografias que enriqueceriam o acervo da Casa do Fandango que tem como um de seus objetivos o registro da cultura local, vivenciar o cotidiano de mestres fandangueiros, E TUDO NA FAIXA, pago com a verba do projeto, claro que não em hotéis cinco estrelas, banquetes e barcos ultravelozes, mas com o humilde barco que Guto se prontificou em emprestar, arroz, feijão, ovo frito, peixe, macarrão e café que não nos deixaram passar fome, casa da família de Leonildo Pereira no Abacateiro e barraca em Superagui que garantiram nosso repouso tranqüilo. Fiquei triste, mas respeito.
Depois da triste notícia fui até o Ponto buscar a exposição e na volta embarcamos rumo ao posto abastecer o barco. E Eraldo? Cadê? Nem deu notícia! Enquanto abastecíamos o barco eis que surge Eraldo com sua pequena malinha de mão, vamo simbora parceiro? Me atrasei...achei que não encontraria mais vocês – disse Eraldo com um sorriso no rosto. Barca formada, simbora duas horas de viagem até a comunidade do Abacateiro.
Chegamos por volta das 13h e seu Leonildo e família com o bom humor de sempre nos receberam com um café quentinho e dá-lhe bate papo sobre a vida, viagens, fandangos, até o final do dia.
Autoria das fotos: 1- Leco de Souza, 2- Dayana Zdebsky, 3- Dayana Zdebsky, 4- Guto "Lelo", 5- Guto "Lelo", 6- Guto "Lelo", 7- Guto "Lelo",
Ontem à noite acabamos não indo para o festerê para descansarmos. Leandro e Hogo passaram lá em casa, comentaram que várias pessoas queriam ir para as comunidades. Mas como estava bem em cima da hora e não tínhamos condição de descolar outro barco e o que íamos com Guto cabiam no máximo oito pessoas, deixamos a ida do restante do pessoal na dependência de alguém com mais contato que nós descolar outro barco, o que não aconteceu. [TEXTO EXCLUÍDO]. COMO INFELIZMENTE DE ÚLTIM HORA NÃO ROLOU DAS OITO PESSOAS IREM DEVIDO A (ENTRE OUTRAS COISAS) PROBLEMAS NOSSOS DE COMUNICAÇÃO COM ELES, FOMOS APENAS E INFELIZMENTE EM APENAS 4 PESSOAS. Leonildo e família é que se deram bem nessa: ganharam alguns pacotes e arroz, feijão, macarrão, biscoito e pão além de alguns molhos e conservas.
Depois de umas duas horas e quinze minutos de viagem tranquila chegamos à Abacateiro. E lá estava Leonildo na porta de sua casinha nos esperando com uma piadinha na manga. “Tirar sarro” e colocar apelidos nos outros estão entre os passatempos prediletos dos caiçaras.
Seu Leonildo foi fazendo logo um café e depois fui dar uma volta pelas 5 casas da vilinha. Geralmente as casas são compostas de duas estruturas: a casa de fogo e a de dormir. A exceção que percebi alí foi a de Leonildo, onde fogo e o local de dormir ficam juntos (embora eu não tenha visto nem uma caminha ou algo do gênero alí). A casa de Leonildo tem mais ou menos uns 25 m2. Em um canto tem umas coisinhas e uma galinha branca chocando seus ovinhos amarelos, no outro tem uma rede de pesca no chão e sobre ela um varal com roupas empilhadas. Entre os dois cantos rabecas e violas penduradas na parede. No outro canto da casa de um cômodo só tem um guarda roupa e no outro uma prateleira com alguns poucos mantimentos e, logo abaixo, um pouco mais para o lado, um foguinho. No meio do cômodo dois bancos compridos de madeira, um de frente para o outro.
Conheci outras casas e alguns de seus respectivos moradores: filhos e esposas, filhas e maridos, ex-esposa e netos de Leonildo. Sua ex-mulher cozinhou arroz, feijão com bacon e fritou ovos para nós. Essa foi basicamente a composição das duas refeições que fizemos, além das beslicadas em pães, biscoitos, cafés e muita água da bica.
Rolaram algumas músicas com seu Leonildo na rabeca e Eraldo na viola. Aliás, em várias deixas das conversas seu Leonildo cantava ou recitava versos de fandangos. E depois da janta gravamos uma “novela”, eu e Leonildo, com a qual, segundo ele provavelmente “ficaremos ricos”. Afinal cada um “ganha dinheiro de uma forma, alguns pescando, outros falando”...
De noite chegou um barquinho: pai e filho vieram visitar seu Leonildo e família, dando um tempo até a hora de pescar. Dormimos na casa da ex-esposa e dois do filhos solteiros de Leonildo, que venceram nossa insistência para dormir de barraca “na rua” entre as galinhas, galos, os cachorros magérrimos (acho que a “mistura” é pouca e “cachorro que come muito não caça, tem preguiça”) e mosquitos. Porque lá “nenhuma visita dorme na rua”.
Lembrei de uma coisa: a casa de seu Leonildo tem, literalmente, alguns vespeiros. Aliás, vi em outra casa de fogo vespas também. Morro de medo de vespas. Além de ter alergia a muita coisa, mamãe me ensinou muito bem a ficar longe das danadas. Não é que Eraldo me pega a uma vespa do ar na mão, prende ela – apenas com a cabecinha para fora – em uma caixinha de fósforos, grava no celular (todo equipado) o “radinho” (o barulho que a vespa faz na caixinha lembra o ruído de um rádio), e depois solta a vespa que sai voando... Fiquei de cara. E convivi bem com as vespas.
Leco:
Marcamos de nos encontrar ás 10h na casa de Guto para embarcarmos rumo a Abacateiro, porém eu, Dayana e Guto nos encontramos às 09h30 para abastecer o barco, comprar alimentos e eu precisava desinstalar a exposição “Fazedores de Fandango” que estava na Casa do Fandango para instalá-la no Bar AKDOV em Superagui.
Daya foi para o mercado, eu e Guto fomos carregar o barco, quando recebemos a notícia que quatro pessoas desistiram da viagem, o que é uma pena, pois tiveram a oportunidade de conhecer comunidades importantes para cultura caiçara, produzir e discutir fotografias que enriqueceriam o acervo da Casa do Fandango que tem como um de seus objetivos o registro da cultura local, vivenciar o cotidiano de mestres fandangueiros, E TUDO NA FAIXA, pago com a verba do projeto, claro que não em hotéis cinco estrelas, banquetes e barcos ultravelozes, mas com o humilde barco que Guto se prontificou em emprestar, arroz, feijão, ovo frito, peixe, macarrão e café que não nos deixaram passar fome, casa da família de Leonildo Pereira no Abacateiro e barraca em Superagui que garantiram nosso repouso tranqüilo. Fiquei triste, mas respeito.
Depois da triste notícia fui até o Ponto buscar a exposição e na volta embarcamos rumo ao posto abastecer o barco. E Eraldo? Cadê? Nem deu notícia! Enquanto abastecíamos o barco eis que surge Eraldo com sua pequena malinha de mão, vamo simbora parceiro? Me atrasei...achei que não encontraria mais vocês – disse Eraldo com um sorriso no rosto. Barca formada, simbora duas horas de viagem até a comunidade do Abacateiro.
Chegamos por volta das 13h e seu Leonildo e família com o bom humor de sempre nos receberam com um café quentinho e dá-lhe bate papo sobre a vida, viagens, fandangos, até o final do dia.
Autoria das fotos: 1- Leco de Souza, 2- Dayana Zdebsky, 3- Dayana Zdebsky, 4- Guto "Lelo", 5- Guto "Lelo", 6- Guto "Lelo", 7- Guto "Lelo",
Postar um comentário 4 comentários:
Pow Daya, Você Falou ali, que deixou a ida do pessoal na dependência de alguém com mais contato, creio que seja pra Mim e leandro, porque nós que fomos lá na sua casa e já era umas 21:30. Bem Como Vocêis queria que nós arrumasee uma embarcação naquela hora? Nós podi até arrumar, mais Como Vocêis NÃO QUERIAM GASTAR MUITO, Nós nem corremos atrás, porque qualquer Um que fosse iria cobrar. E quanto as outras pessoas(as meninas) que queriam ir e NÂO Foram, Vocêis deixaram bem Claro que elas NÃO Frenquentaram a Casa Durante aquela semana e era melhor Elas NÃO irem. E Lá Vocêis iam gastar Muito com Pousada talls... Pois Bem EU Fiz o mesmo, eu não frequentei aquela semana, e Não Fui. Senti que aquilo era Pra mim Também. Nós também NÃO Tinhamos barraca, e as Meninas também nÃO tinham. Aì Fikava Foda né? E Pooh Achei Sakanagem falarem que nÓS QUATRO NÃO Fomos Porque Não queriamos Dormir em barraka,sem chuveiro e banheiro. Claro que Nós estavamos Ciente que NÃO ERA 'hotéis cinco estrelas,banquetes e barcos ultravelozes' Cara Nós tamos acostumados com simplicidades, sabíamos que ia ser assim, fikar lá no abacateiro, e dormir em barraka, Claro que seria BOM em uma Pousada, mais se Voceis NÃO queriam gastar, nós estavamos ciente que teria que ser em barraka. Poh e agora Vocêis Falarem isso? Aaah aí é TRAIRAGEM NÉ?!
12 de abril de 2009 às 19:43
12 de abril de 2009 às 22:07
Até o momento arrumar barco, contatos, e maneiras de naum tirar um tostão do bolso é baum
Acho que tinha tanta gente interessado em ir para Abacateiro e Superagui só no inicio do projeto que até se esqueceram de comparecer na CASA nas vésperas da viagem ou foi por que realmente não estavam mais por dentro do que estava acontecendo no projeto se é que estava acontecendo o PROJETO...
Moramos em Guaraqueçaba e estamos muito bem acostumados viver na humildade, será que tiramos mesmo a oportunidade de outras pessoas irem ou iria só nós por que outras pessoas não estão mais interessados no projeto?!?
Prefiro não comentar
12 de abril de 2009 às 22:15
Bem, tentando esclarecer:
1- Não que era melhor as meninas que não frequentarem não irem, mas que a prioridade não era pra elas, como só soubemos que elas queriam ir na noite anterior à da viagem, estávamos de mãos atadas. Não Tínhamos o que fazer... Se alguém tivesse algum contato de barco, tudo bem, dávamos um jeito. A gente não tinha contatos e nem como descolá-los tão rápido.
2 - O sobre-posição não tem mesmo verba para pagar pousadas nas viagens, infelizmente... Também seria mais confortável para nós, mas não é a realidade do nosso orçamento.
Uma breve prestação de contas.
Tínhamos apenas R$ 300,00 orçado para esta viagem e não tínhamos como remanejar. Infelizmente pelo porte do projeto em relação ao dinheiro que temos precisamos contar com apoios...
Custos de Viagem:
combustível: R$ 47,00
Alimento/Mercado: R$ 100,00
Camping: 36,00
óleo para o barco: R$ 7,50
Refrigernte e água para acompanhar as refeições: 15,00
Demos metade dos alimentos para a família do Seu Leonildo e com os R$ 100,00 restantes que seriam gastos em camping e bebidas da galera pagamos o Guto.
3 - Hogo, me desculpe, foi erro de comunicação. Ficamos é felizes pela possibilidade da sua ida e sua presença na casa foi uma enorme demonstração de interesse. Foi revigorante, inclusive, frente todos os problemas de comunicação que tivemos na semana anterior à viagem. E lamentamos muito sua ausência...
4 - Vcs têm razão, generalizei coisas que não devia. Vou retirar. Peço desculpas. Errei...
5 - Pois é, não conseguimos manter contato após o carnaval. Durante o mês de março tivemos muita dificuldade para tocar o projeto. Retormanos para cá na intensidade, mas o tempo dado foi de fato prejudicial à nossa comunicação.
6 - Leandro: estamos pensando muito na possibilidade do desinteresse para além das nossas falhas de comunicação. Seria muito bom termos um retorno seu e quem puder contribuir em relação a isso. Existe? (Parece que sim) Por quês?
15 de abril de 2009 às 20:30